“Quais são as tuas
palavras essenciais? As que restam depois de toda a tua agitação e projectos e
realizações. As que esperam que tudo em si se cala para elas se ouvirem. As que
talvez ignores por nunca as teres pensado. As que podem sobreviver quando o grande
silêncio se adivinha. As que terás dito na confusão das que disseste. As que
talvez sejam só uma por qualquer outra ser demais. A que é impronunciável por
ser demais o dizê-la na exterioridade do dizê-la. A que se confunde talvez com
a simples emoção de dizer. A que talvez nem exista ainda antes de a inventares.
A que, se a inventares, deixará logo de te pertencer. A que está antes da que
te aflora mesmo ao olhar. A que é a identidade de ti quando a morte já tiver
vindo quando a quisesses saber. Qual é a tua palavra essencial que o próprio
Deus desconhece.”
Vergílio Ferreira, uma leitura de sempre e para sempre.
P.S. Sim, ando a desenterrar tesourinhos.
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