sábado, 20 de julho de 2013

Sábados de manhã #51

“Quais são as tuas palavras essenciais? As que restam depois de toda a tua agitação e projectos e realizações. As que esperam que tudo em si se cala para elas se ouvirem. As que talvez ignores por nunca as teres pensado. As que podem sobreviver quando o grande silêncio se adivinha. As que terás dito na confusão das que disseste. As que talvez sejam só uma por qualquer outra ser demais. A que é impronunciável por ser demais o dizê-la na exterioridade do dizê-la. A que se confunde talvez com a simples emoção de dizer. A que talvez nem exista ainda antes de a inventares. A que, se a inventares, deixará logo de te pertencer. A que está antes da que te aflora mesmo ao olhar. A que é a identidade de ti quando a morte já tiver vindo quando a quisesses saber. Qual é a tua palavra essencial que o próprio Deus desconhece.”

Vergílio Ferreira, uma leitura de sempre e para sempre.

P.S. Sim, ando a desenterrar tesourinhos.

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